segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Mariana Regina - 13 anos


Mariana Regina de Andrade Miranda - 13 anos


Um dia desses era um bebezinho tão pequenino que eu nem sabia como ia pegar no colo. Imagina: 47 cm e 2,450 kg. Ela não tinha nem cabelo. Podia ser resumida em... joelho! Nunca tinha visto na vida um joelhinho tão redondinho e tão bonitinho. Quando peguei no colo pela primeira vez foi uma sensação incrível, indescritível! O fato é que eu – filha única – não estaria mais só e teria alguém para chamar de “meu”. Minha filha. Minha Mariana. Meu primeiro grande amor mais primeiro, mais puro, mais singelo, mais cheio de tudo, inclusive medo. Pela primeira vez seria de fato responsável por alguém.

Meu bebê já é uma mocinha de 13 anos, mas continuará sendo meu bebê para o resto da vida. O joelho já não é mais tão redondinho e ela já não cabe mais no meu colo como antes, mas este estará sempre reservado para ela e o irmão sempre que necessitarem. O colo da mamãe está sempre disponível e o chinelo a postos, é claro!!! Tenho orgulho de ter Mariana e Pedro como meus filhos. Foi com eles que descobri a verdadeira essência da vida e a real razão do meu viver.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

João Pedro - 10 anos

João Pedro de Andrade Miranda - 10 anos





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Hoje uma das razões máximas da minha existência completa uma década de vida. É difícil expressar em palavras exatas o que é sentir um amor tão vasto e imprudente, que não tem medida, começo ou fim. É pura e simplesmente amor. Esse é o amor para a vida toda. Com o nascimento do meu João Pedro fui remetida a um sentimento que posso afirmar, com segurança, só as mães sentem. É o amor mais primeiro, mas profundo que um ser humano é capaz de sentir. Apesar de não se poder medir com exatidão a gente sabe, as mães sabem que é o tipo de amor que só cresce, apesar de não ter sido menor no dia anterior.

Me orgulho de ser mãe de um menino tão cheio de qualidades como o João Pedro. Tenho orgulho de tê-lo como filho. Nele me encontro, me renovo e me descubro mãe! Quero ser e ter sempre para ele e para a irmã o conforto e a segurança que só se encontra no colo de mãe.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Girassol

Mas tudo agora acabou
Sol Girassol
Ao coração é dada a nobre missão de construir
Mas a palavra mero artifício tende a destruir
Nestes anos todos indo e vindo mundo afora
Um dia construindo outro dia pondo fora
O recomeço é como o dia que a noite faz morrer
e renasce em cada amanhecer.

A sombra da lua cheia é poema e cor no meu chão
A mão que me despenteia me leva na escuridão
O paraíso desperta de repente num canto qualquer
No peito dos amigos no olhar de uma mulher
A força dos amigos é importante quanto o sol
O olhar de quem se ama é doce feito o girassol
O recomeço é como o dia que a noite faz morrer
e renasce em cada amanhecer.

GERALDO, Zé

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É mais ou menos assim que funciona nas nossas vidas. Um dia se chega e no outro vai embora, tudo se transforma em um indo e vindo mundo a fora... É isso é muito bom, com possibilidades que nos encantam e desencantam, que nos faz cair e levantar. O importante é que todos os dias temos a oportunidade de recomeçar, de refazer ou fazer diferente. E o melhor é que isso só depende de nós mesmos. Somos assim, uma metamorfose ambulante, como dizia Raulzito – que consegue se transformar a cada situação, se adaptar, se aprimorar. Mas o melhor de tudo é que nós escolhemos o nosso “norte”, para onde queremos ir e onde queremos chegar. E mais que isso se soubermos para onde vamos. Talvez não seja tão necessário saber para onde se quer ir, mas, pelo menos, ter a certeza de onde não se quer ir. Assim é mais fácil seguir. Olhar para trás também é necessário para não esquecermos o que passou, mas sempre seguir adiante. É bom não voltar a trilhar caminhos já desbravados e que não levaram a lugar ao algum, ou que ao menos nos estagnaram.

Prefiro olhar para sol, como o girassol, que aproveita dele todas as energias transmitidas e fica mais intenso, mais brilhante, maior, imponente, brilhando majestosamente e, sem vergonha alguma, exibe sua rotação intrigante e revela que há muito mais naquilo que aparentemente te queima, porque é dele que vem a vida.

domingo, 24 de outubro de 2010

Caminho adverso

Caminho adverso,
confuso, sem seta, sem reta.
Caminho de caminho,
sem esperança, de dor, sem encanto.
Caminho que dói,
de lágrima, sem eira, sem beira.
Caminho de conflito
sem ida, sem volta, de reviravolta
Sem caminho... sem revolta.

ANDRADE, Audrey


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O caminho da vida pode ser comparado a um grande labirinto, com um emaranhado de caminhos que não leva a lugar algum e que só se chega ao fim ou ao meio, com a morte. Hoje ainda não desejo chegar ao ponto final porque tenho muito caminho a percorrer, ainda que eu não chegue a lugar algum. O que me prende ao labirinto é a responsabilidade de não deixar só quem precisa de mim para prosseguir. Talvez até seria melhor, mas não sei. Na dúvida, recue, como disse Sun Tzu, em “A Arte da Guerra”. Afinal, a suprema arte é derrotar sem lutar. Hoje eu não luto!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Jogue uma rosa pra mim

Jurema, jogue uma rosa pra mim
Jurema, tem pena de mim.
Caiu uma folha da Jurema
veio o sereno e molhou
e depois veio o sol
enxugou, enxugou
e a mata se abriu toda em flor.



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Em meio ao desespero e a dor te pedi para que me jogasse uma rosa. E você jogou. Uma rosa linda, perfumada, embebida de amor. A rosa me encheu o coração, trouxe paz à minha alma e forças para o meu corpo. E nem sei ao certo se te agradeci com palavras. Sei que cumpro a minha parte todos os dias, ainda que, às vezes, muito cansada. Mas hoje a sua lembrança me foi forte. Meu coração apertou. Senti medo. Medo de perder a minha rosa. Não quero perdê-la porque é ela que me mantém de pé. Mesmo quando tropeço, sei que não vou cair, porque tenha a tua, a minha rosa.

Ainda guardo o perfume de Alfazema que tantas vezes minha mão e meu corpo perfumou. E também sinto o aperto gostoso e aconchegante do teu abraço, que tantas vezes me consolou e tantas outras minha dor amenizou.

Não me tire a minha rosa. Me deixe cuidar dela com carinho e sempre me estenda a tua mão, me perfume com o seu Alfazema e me abrace, ainda que em silêncio.

À você, Jurema.

domingo, 3 de outubro de 2010

Sem compromisso

“Compromisso é aquele ponto de viragem na sua vida em que se apercebe de um momento e o converte numa oportunidade de alterar o seu destino”.

WAITLEY, Denis


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Hoje é assim que quero fazer e sentir: sem compromisso comigo ou com você. Quero apenas ser um ser descompromissado com aquilo que me prende na ideologia de vida e que me faz fugir, subverter o teu e o meu querer. Sem sentido, sem estrada, sem caminho, sem meio, sem modo, mas com vida. Não quero me prender ao meu ou ao teu querer. Só quero não ter compromisso e será que há algum mal nisso?! Hoje não quero nem semear a vida, simplesmente hoje eu não quero e não quero nada. Sem lamurio, sem responsabilidade, sem agouro, sem gesto, sem locução, sem nada...

Hoje não quero fazer concessão. Hoje quero ter apenas a mim, por o pé na estrada e sair por aí, buscar novas coisas nas antigas que quero muito preservar, porque afinal, a gente cresce e descobre novos caminhos, vai embora e tem a vontade de não se perder, mas é na sua essência que se encontra e para onde volta... quase me esqueci que é assim que funciona. Mas não vejo problemas com o erro e tampouco me importo em voltar atrás em alguma atitude ou decisão, até porque não tenho compromisso com o erro e/ou o acerto.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Fantasma

Anda um triste fantasma atrás de mim
Segue-me os passos sempre! Aonde eu for,
Lá vai comigo… E é sempre, sempre assim
Como um fiel cão seguindo o seu Senhor!

Tem o verde dos sonhos transcendentes,
A ternura bem roxa das verbenas,
A ironia purpúrea dos poentes,
E tem também a cor das minhas penas!

Ri sempre quando eu choro, e se me deito,
Lá vai ele deitar-se ao pé do leito,
Embora eu lhe suplique: Faz-me a graça

De me deixares uma hora ser feliz!
Deixa-me em paz!… “Mas ele, sempre diz:
“Não te posso deixar, sou a Desgraça!”

ESPERANÇA, Florbela

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Os fantasmas assolam o caminho, per calçando as ruas, estradas, avenidas por onde passo. Não te quero preso a mim, você não é a minha sombra. Eu só quero fluir como as águas doces que lambem as pedras por onde passam. Eu não sou espelho, mas ainda que fosse não guardaria a imagem que reflito. Não sou egoísta. Então é só me deixar ou pelo menos fazer de conta que não me vê. Feche os olhos, mas também não se esqueça de me tirar do pensamento. Só quero a paz que a muito custo conquistei. Quero ser livre como o vento que sopra nas montanhas, mas não se esqueça que também sou montanha e por mais que o vento sopre não me curvo diante dela. Quero ser o dourado refletido que se vê quando os raios de sol chegam aos campos de trigo. Quero mais, muito mais que ser assombrada ou assombrar. Os fantasmas pra mim já não existem mais. E eles não assombram mais, não mais. E não sei o porquê insistir no assombro. E nunca foi tão bom afirmar que fantasmas não metem medo em mim e já não metem medo mais há muito tempo. Eu não compreendo porque insistem em assombrar, em cercar e em tentar se fazer presente. Afinal, a gente cresce e aprende que fantasmas não existem, portanto são incapazes de nos fazer mal.

Tenta me esquecer e me deixar seguir. Eu não sou fantasma e nem quero ser. Então, lembrar de mim é como evocar um fantasma do passado. Isso sim pode ser prejudicial e, com certeza, mais para você que pra mim. Já não importo mais com o que passou. Minha preocupação com o futuro não te inclui. E o meu destino é seguir... fluir, deslizar, caminhar, passar, cantar, amar e ser muito, muito feliz! Sem assombro, sem fantasma... com gente e gente de verdade. Me deixe apenas!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Até um dia!


“Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar...
Você marcou na minha vida
Viveu, morreu
Na minha história...”

TRINDADE, Édson


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Foi assim. Simplesmente assim. Você nos deixou e seque nos disse “até um dia”. E deixou um vazio tão estranho, mas não é isso que dói. O que dói mesmo é que eu podia ter estado por mais vezes e por mais tempo contigo e não o fiz. Sempre tive lembranças de dias maravilhosos a teu lado e de tua família – que acabaram por se tornar minha única referência familiar paterna. E tenho certeza que não fui a única a estar feliz ao teu lado, mas também tenho certeza que fui uma das poucas que se furtou disso. Que pena!

Sempre que senti saudade, fechava os olhos e visitava sua casa em minhas lembranças e a primeira coisa que me vinha a mente era seu sorriso largo e seu abraço confortável. E nem assim tomei a iniciativa e viver isso de novo. Julgava não ter tempo. E hoje, por mais tempo que me sobre, de nada adianta. Você não está mais lá. Você foi embora e nós nem dos despedimos. Ainda bem que posso continuar domando minha saudade sentido você em meu coração e posso visitá-lo sempre nas minhas lembranças.

Até um dia, tio! Eu te amo!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Equinócio

Época do ano em que o Sol, em seu movimento próprio aparente na eclíptica, corta o equador celeste, e que corresponde à igualdade de duração dos dias e das noites. (Há dois equinócios por ano: em 21 ou 22 de março e em 22 ou 23 de setembro.) / Ponto do equador celeste onde se verifica essa passagem. // Linha dos equinócios, reta de interseção dos dois planos da elíptica e do equador celeste. //


Fonte: http://www.dicionariodoaurelio.com/

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Na área da astronomia, equinócio é definido como um dos dois momentos em que o sol cruza o plano da Linha do Equador. A palavra equinócio vem do Latim, aequus (igual) e nox (noite) e significa “noites iguais”, ou seja, ocasiões em que o dia e a noite duram o mesmo tempo, têm igualmente 12 horas de duração. O Sol alinha-se perfeitamente... hoje às 03h09. É a preparação para a entrada da Primavera no Hemisfério Sul e do Outono, no Hemisfério Norte.

Mas não é apenas a Terra e o Sol que se alinham perfeitamente. Nós também temos o nosso equinócio – que ocorre no momento em que desejamos, nos entregamos, nos permitimos... e assim realizamos uma interseção com alinhamento perfeito e que dá origem ao encaixe da nossa outra metade. Logo, você é meu equinócio, meu alinhamento perfeito, meu ponto de equilíbrio e muito mais. Sim, assim eu o vejo. Nossos momentos são inesquecíveis, inexplicáveis e incomparáveis. E nós dançamos no nosso ritmo, no nosso compasso e saímos do tom sem a menor razão e com toda emoção, como um feixe de luz e, às vezes de escuridão.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Amor maior

_ Oi, mãe!
_ Oi, meu amor, tudo bem?
_ Tudo. E você?
_ Tudo bem, querida. E você? Está tudo bem?
_ Está sim, tudo bem. Tirando que eu tenho prova e não sei nada, está tudo bem.
_ Como assim não sabe?
_ Caraca, mãe, ninguém merece geometria. Tipo, assim, fala sério!
_ Fica tranqüila, Mariana, eu te ensino!
_ Mãe?! Você sabe geometria????
_ Mariana, eu fiz humanas, mas acho que consigo!
(Conversa de mãe e filha, com 12 anos)

_ Oi, mãe! (com a voz mais doce do mundo)
_ Oi, meu amor, bom dia! Dormiu bem?
_ Eu dormi. E você?
_ Também dormi bem. Você vai sair?
_ Ué, Pedro, tá doido?! Ainda não acordou?! Eu vou trabalhar.
_ É. Eu esqueci. _ um breve silêncio. – Nossa, mãe, você ainda nem se arrumou, mas você está linda!
E eu saindo do banho, com o cabelo embaraçado, com cara embaçada de sono, parecendo um zumbi. E vem ele, com sua doçura e encanto.
_ Você é tão linda, mãe! Eu te amo tanto! – e ele me abraçou.
_ Eu também te amo e você nem imagina o quanto!
(Conversa de mãe e filho, com 9 anos)


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Mariana e Pedro são meus filhos. Ela está com 12 anos, e ele está com nove. Nossa, isso me perturba! Não porque vejo que eles estão crescendo e em dado momento não os terei. Em verdade, eles nunca foram meus. Só me foi confiada a missão de criá-los, educá-los, torná-los pessoas de bem e tantas outras coisas mais... Isso é que me assusta. E à medida que o tempo passa, me assombro com o que deixei de viver ao lado deles. Sempre fomos tão só nós e ainda assim acho que fiz pouco, que estou fazendo pouco.

Há pouco tempo tinha em meus braços um ser tão pequeno, tão indefeso e que não nasceu por acaso, tampouco na hora errada. Eu quis, eu desejei e o fiz com muito amor, com muito ardor. Foi a primeira vez que fui remetida à sensação do instinto do amor mais primeiro, mais puro. Acompanhei cada passo e faço questão de acompanhar TODOS, ainda que não tão presente como gostaria. Mas ainda assim, no final do dia, me vem a sensação de que poderia ter feito mais, aproveitado mais.

E em dado momento, eis que surge Pedro, lindo, como eu meus sonhos, desde os 15 anos. Novamente fui remetida à sensação do instinto do amor mais primeiro, mais puro – e achei que, sinceramente, jamais sentiria algo parecido na vida. Tive sorte, sorte na vida, porque tive a sensação mais primeira duas vezes.

Acompanhei tanto e ainda assim tenho sensação que perdi o melhor. As cólicas, noites sem dormir, febre por causa do dentinho que está nascendo, a primeira vez que viraram de bruços, o primeiro dentinho, os primeiros passos, as primeiras palavras – no caso da Mariana, todas as outras também, afinal, mulher fala muito e fala demais – o primeiro dia na escola, a alfabetização, as provas com nota baixa, a vibração da nota boa, conheci a mulher da vida de Pedro – e olha que ele só tinha cinco anos –, o primeiro amor da Mariana, as conversas até de madrugada, as perguntas embaraçosas... sim, eu estava lá em todos os momentos, mas tenho a sensação que poderia estar mais.

Não quero perder nada, não quero chegar ao final da vida e ter a sensação de que poderia ter feito mais, muito mais. Gosto quando brigamos, gosto quando brincamos, gosto quando me fazem rir, gosto quando me fazem chorar... eu gosto, por razão ou sem razão. O fato é que ganho muito mais os tendo como filhos, que eles ganham me tendo como mãe. Eles são mais!

Tenho história pra contar, tenho amor para dar e recebo deles até mais que mereço, porque reconheço minhas falhas. O fato é que encontro em Mariana e Pedro muito mais que a razão. O sentimento que tenho por eles é muito mais que amor... ainda não tem nome.
Para Mariana e Pedro... com amor.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Privada


_ Z... cadê você?
_ Peraí, pô. Estou cagando e cagar é uma arte!
_ Deixa de ser idiota, porque o que você faz é merda mesmo!

(diálogo real, e nem vale a pena comentar entre quem)




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Há várias definições para a palavra “privada”, sem contar que ela também pode variar quando funciona como complemento de algum substantivo. Não tem como ler o dito substantivo sem se lembrar do vaso sanitário. (que referência Ó-TI-MA!!!!) Pois é, a palavra privada remete nossos pensamentos ao vaso sanitário que por sua vez lembra? Merda! Isso aí. É comum pensar logo na... merda. Divagando podemos concluir que muitas pessoas deixam de pensar em sua “vida privada” e passam a tomar conta da vida dos outros – que não é privada!

Mas ora, há de se ter piedade com quem não quer se preocupar com sua vida de merda. Afinal, merda quando mexe, fede. Mas caramba, também não precisa querer cuidar da vida dos outros. Sendo a vida de alguns de merda ou não, o ideal é que cada um cuide da sua.

Dias fantásticos

“... Quando me comunico com adulto, na verdade estou me comunicando com o mais secreto de mim mesma, daí é difícil... O adulto é triste e solitário. A criança tem a fantasia muito solta”.

LISPECTOR, Clarice



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As crianças têm poder de transformação. Isso mesmo! Elas conseguem transformar dias comuns em especiais e o fazem com maestria. Fazem isso com suas fantasias, alegria de viver, gostosas e intermináveis gargalhadas. Assim foram minhas férias. Passei dias maravilhosos com quatro crianças: meus dois filhos Mariana, 12 anos, e Pedro, 9, e suas amigas, Thayná, 13, e Lorena, 9. Os dias ficaram de ponta a cabeça, com direito a cinema até de madrugada, bolo de chocolate, brigadeiro, hambúrguer, praias no inverno, conversas até alta madrugada, passeios fora de hora, lanches gordurosos e até comida saudável. Tudo isso entremeado por brincadeiras e muita diversão.

Ao final dos dias, as crianças estavam exaustas e agradecidas pelos dias que passamos juntos. O que essas crianças não sabem é que foram eles que tornaram meus dias mais felizes! Sou eu quem tem que agradecer.

Obrigada Mariana, Pedro, Thayná e Lorena por terem transformado minhas férias em dias fantásticos!!!

domingo, 1 de agosto de 2010

Você vai conseguir!




_ Oi, meu amor, tudo bem?
_ Oi, tia, estou indo.
_ Como você está, linda?
_ Eu estou tentando, mas não estou conseguindo.
_ Você vai conseguir, querida!
_ Tá... tia.
_ Você vai conseguir!





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E assim a vida segue... a menina, ainda tão menina, sem querer descobre que a vida é muito mais que estudo e brincadeira. Ela ainda não sabe, mas está mais forte porque está superando os problemas da vida e a cada problema superado, nos tornamos mais fortes.

Siga, minha querida, siga seu caminho e seja feliz! Muito feliz! Porque você é capaz de superar e é forte!!


Te amo!

Para minha Thayná.

terça-feira, 6 de julho de 2010


Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada...

MORAES, Vinícius


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As realizações acontecem de forma, às vezes, muito estranhas. Imaginamos o que queremos, como queremos – embora em alguns momentos não existam formas definidas – mas criamos em nosso pensamento o “objeto de desejo” e penso que assim atraímos o que tanto queremos. Algumas realizações acontecem de modo tão simples, tão fácil... outras levamos tempo e tempo imaginando, desejando, criando e, quando menos esperamos, eis que surge uma luz no fim do túnel.



Minha casa é uma realidade que tem forma. Ela deixou de ser como nos sutis versos de Vinícius de Moraes e, agora tem teto, chão, parede, mas não tem pinico! Prometo que providenciarei um!


E agora a tão sonhada casa tem a difícil tarefa de se tornar um lar de verdade, daqueles que nos abraça só de entrar.

sábado, 19 de junho de 2010

Sem você minha Cigana







"Tão só, na minha cabana

Tão só, sem você minha Cigana..."





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Sei que você não me falta, porque seu brilho ainda emana de mim. Mas, às vezes, queria apenas conversar e sentir usa presença.

Em que estrada você está? Que caminho você, menina, está percorrendo? Por onde andas? A quem encantas?

Quando quiser é só voltar, mas se eu precisar, sei que é só chamar.

Então vai, menina-flor, por essas estradas... e perfume os caminhos!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"Volta para o pão, carne maluca!!!


De acordo com o dicionário Houssais de língua portuguesa, loucura pode ser definida como: “distúrbio ou alteração mental caracterizada pelo afastamento mais ou menos prolongado do indivíduo de seus métodos habituais de pensar, sentir e agir”.


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A loucura e a sanidade são separadas por uma linha imaginária, poderia dizer – como costumam falar os psicólogos – uma linha tênue. No entanto, é tão possível conhecer loucos com mais humanidade que uma pessoa considerada sã... Mas voltemos a tal linha! Se tal linha é ultrapassada – e tanto faz se é mais para um lado ou para o outro – faz as pessoas fugirem dos “métodos habituais”.

Para Freud: “A psicanálise rompeu também com os campos da medicina e da psiquiatria ao conceder à loucura o estatuto de verdade, considerando-a como portadora de sentido e não como uma anomalia na estrutura do corpo, sobre a qual a palavra não possuía qualquer poder revelador...”.

Então, a loucura tem verdade! Mas a verdade dos loucos, que em sua maioria, foram identificados na história como verdadeiros gênios. E a sanidade também tem a sua verdade, mas não tem destaque.

Só sei que continuo a minha vida... sem saber exatamente que lado da linha eu estou!

Então, só me resta dizer: “Volta para o pão, carne maluca!!!”

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Reflexo


O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos.
A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença.

VERÍSSIMO, Luiz Fernando



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A imagem refletida no espelho deveria ser fiel.
Há distorções!
Nada é capaz de refletir fielmente aquilo que se vê.
Nossos olhos também nos enganam.
Somos muitas vezes prisioneiros daquilo que nos mostra a primeira vista.
A representação do outro, a nossa própria representação não é fiel ao que de fato o é.
É necessário cerrar os olhos para ver melhor.
Esquecer o que é refletido pela retina e ver aquilo que não é mostrado.
Se despir da visão e vir o abstrato.
Ver aquilo que só o interior da própria retina pode mostrar.
Mas que se não fechar o olho, não se vê.
A fidelidade do que é mostrado só se enxerga quando não vemos.
No entanto, o espelho devolve a cada pessoa seu reflexo.
É física.
Não há ação sem reação.
Então, talvez seja possível receber o que é refletido.

domingo, 4 de abril de 2010

Meio a meio

“A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace”.

HUGO, Victor
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Sou uma pessoa impulsiva. Ajo muitas das vezes sem pensar. Isso me leva a acertos incríveis e a erros desastrosos. Que me torna uma pessoa meio a meio. Nem sei se erro mais ou acerto mais. Prefiro acreditar em 50% para cada. Essa característica reflete outra: sou covarde! É melhor acreditar que meus impulsos que acertam são pura intuição feminina – daquela, que nunca falha – e os que erram são infantilidade – tem uma parte em mim que teima em não crescer – a refletir antes de agir.

Fui precoce em tantas coisas e em outras deixei a desejar. Deve ser normal. Pelo menos para uma pessoa meio a meio como eu. Minha imaturidade causou grandes decepções, principalmente amorosas. Antes de me reconciliar com o processo da vida, fiquei um pouco introspectiva e até que gostei bastante do que vi dentro de mim. Passei tanto tempo dentro de mim que pude guardar algumas coisas e descartar outras. Uma pequena limpeza interna.

Enfim, me libertei de novo para viver intensamente. Fiquei mais leve. Flutuei. Me redescobri como mulher, mãe e profissional, não necessariamente nessa ordem. A mãe e a profissional não tiraram férias. Seria inconcebível. Preciso sustentar a mim e aos meus filhos e eles, graças a Deus, são para sempre – essa é uma das certezas que nunca estarei só ou comigo mesma. Já a mulher, essa precisou de tempo para se recuperar e reaprender, reerguer, renascer, reaflorar.

Mesmo reencontrando a mulher que estava dentro de mim e redescobrindo o amor, o mistério continuou intacto. Vi no amor uma grande perfeição e uma grande delicadeza. E novamente a característica impulsiva aflorou. Cai. Me machuquei. Perdi. E não entendi, mas não questionei. Afinal, sou meio a meio. Seria essa a parte impulsiva advinda da infantilidade. É a ação da minha parte que não cresceu, mas não perguntou “por quê?”.

Hoje vejo o enorme vazio com uma clareza incrível. Fiquei tão maior que eu mesma que não consigo me alcançar. Hoje quero mais, quero mais uma vida tranquila. Sem pressa, mas com impulso de uma alavanca. Hoje vejo o tempo como meu aliado e não como oponente. Ainda sou o que chamam de contraditória.

O mistério permanece intacto, mas descobri que como eu o amor precisa de asas, e de asas longas pra voar, alçar voos cada vez maiores e fazer pousos seguros e serenos. Hoje sou o porto seguro de um amor livre, que tem asas para voar. Hoje eu voo alto e pouso segura e serena... impulsiva, meio a meio.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Hoje? Hoje eu não escrevo!

“Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginalia, purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.

O que você perde em viver, escrevinhando sobre a vida. Não apenas o sol, mas tudo que ele ilumina. Tudo que se faz sem você, porque com você não é possível contar. Você esperando que os outros vivam para depois comentá-los com a maior cara-de-pau (“com isenção de largo espectro”, como diria a bula, se seus escritos fossem produtos medicinais). Selecionando os retalhos de vida dos outros, para objeto de sua divagação descompromissada. Sereno. Superior. Divino. Sim, como se fosse deus, rei proprietário do universo, que escolhe para o seu jantar de notícias um terremoto, uma revolução, um adultério grego - às vezes nem isso, porque no painel imenso você escolhe só um besouro em campanha para verrumar a madeira. Sim, senhor, que importância a sua: sentado aí, camisa aberta, sandálias, ar condicionado, cafezinho, dando sua opinião sobre a angústia, a revolta, o ridículo, a maluquice dos homens. Esquecido de que é um deles...”.

ANDRADE, Carlos Drummond

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Por tantas vezes perdi o brilho do sol no meu rosto e tudo mais que ele iluminava porque estava escrevendo sobre a vida de quem não conhecia e ousei em saber um pouco mais e contar sua história! Perdi festas e conversas em roda de amigos porque estava de olho na maquininha escrevendo – muitas das vezes – com indiferença, objetividade, imparcialidade e de forma impessoal e, de certo modo alheia também às dores do indivíduo. Assim é o meu trabalho!

Também perdi coisas que não voltam mais. Gracinhas dos meus filhos, passeios no shopping, parques e praças com as crianças porque estava escrevendo sobre quem não conhecia. Já tentei me desculpar diversas vezes pelas reuniões de pais que não pude comparecer, pelas vezes que não busquei na escola, pelas que não pude esperar no portão... mas simplesmente passou! E me sentia importante com isso!

Também perdi tempo que poderia ter dedicado a mim. Mas assim é a vida. Não da para ter tudo ao mesmo tempo... mas hoje o conflito é outro!

Algumas experiências, sentimentos não nos importamos de compartilhar, mas outros nos são tão íntimos que compartilhamos apenas com a folha de papel. Hoje sinto medo! Queria escrever com a caneta nova e meus papéis e não posso. Só queria me debruçar em cima do papel e simplesmente deixar as idéias fluírem. Os pensamentos são mais rápidos que a mão pode escrever – olha que um dia fui canhota.

A caneta e o papel que tanto alívio me traz e que também sustentam a mim e os meus filhos, hoje me agoniam. Queria apenas escrever, me aliviar, mas não posso fazê-lo de forma eficaz. Não sou mais um “deus” que escreve indiferente aos acontecimentos. Para a dor do corpo, injeção, antiinflamatório de oito em oito horas por sete dias e exames que nada revelam. Mas e a alma inquietante?!

Para sossegar a alma e acalmar os ânimos, garranchos de uma ex-canhota em uma folha de papel e catação de milho no computador. O que tanto me impediu de viver se transformou em prazer. Hoje, privado!


Mas tem o outro lado. Não estou debruçada na máquina o dia todo. Vejo a luz do dia e a chuva fina que cai, levo as crianças até a porta de casa para irem à escola e os recebo no final da tarde, bato papo com meus pais e vejo a vida! De jornalista a mera expectadora, sem poder escrever sobre o cotidiano. Hoje? Hoje eu não escrevo!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sem rótulos! Apenas amor!!!

“Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...”
QUINTANA, Mário


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Não há a mais remota necessidade de se prender a rótulos. Podemos viver nosso dia a dia sem precisar dar nomes às pessoas. Não importa o nome que cada um tem, não importa por quanto tempo se está afastado, tampouco o motivo da separação física. O que importa de fato é tão e somente o sentimento que une, de alguma forma, uma pessoa a outra.

Se nos importamos com rótulos e desprezamos o sentimento, é porque o sentimento deixou de ter valor ou é inexistente. Não se ama apenas quem nos chama por um rótulo... é sempre outro rio que passa e nada, absolutamente nada é para sempre! Tudo vai recomeçar! Ofereço o amor e creio que seja suficiente e, se tuas mãos estão distraídas, agarre-o com ardor! Isto eu tenho para te oferecer. Não exija mais que te possa ser dado! O amor é assim: livre como o vento...
Para Bárbara e Ailby

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A pequena roda gigante... gira


“Ainda há gente que não sabe,
quando se levanta, de onde
virá a próxima refeição
e há crianças com fome que choram”.

MANDELA, Nelson







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As crianças pensam em coisas que não passam pela cabeça dos adultos. Elas vêem o mundo de uma forma única e são sensíveis. Podem guardar na memória coisas minuciosas das quais não esquecerão mais. O adulto que a criança se torna é reflexo do que passou na infância, do que sentiu, de como viveu. Todos os adultos foram crianças, embora se esqueçam disso em vários momentos.


As histórias de vida se repetem inúmeras vezes e só mudam os atores. Por vezes os atores ao longo da vida vivenciam a mesma história em papéis diferentes. Um dia como filhos, um dia como pais. Não se sabe se por sina, por destino, por costume, por cegueira, por falta de força para mudar ou por qualquer outro motivo. Às vezes, questionamos nossos pais e cometemos os mesmos erros, como nossos pais.


Uma criança me pediu hoje um prato de comida. Já paguei vários pratos de comida sem querer pensar na minha própria história. Mas hoje, fui traída pela minha mente e pelo meu coração. Não consegui me refutar disso. Foi mais forte que eu. Já fiquei por alguns bons pares de vezes a mercê da fome, da vontade de comer uma coisa gostosa em várias fases da minha vida.


Voltei a um passado distante e vi minha mãe tecendo calmamente com sacos de leite o que se tornaria meu leite. A aparência frágil de uma mulher pequena, mas forte como uma montanha, que não se curvava e não se curva até hoje, por mais que o vento sopre. Quantas coisas passamos juntas... quanta humilhação, quanta tristeza, mas quanta vitória. E éramos só nós duas!


Não foi fácil, mas conseguimos contornar grandes obstáculos. Descobri o que minha mãe sentiu quando não tinha leite para me dar, um prato de comida ou um pacotinho de biscoito; quando olhou para o lado não viu ninguém, além de mim – que dependia dela para viver; choramos juntas por algumas vezes de dor, de desespero e de não saber o que fazer...


Talvez a mãe da criança que alimentei com um prato de comida hoje, sinta esta mesma dor. É uma pena que não é e não será uma dor apenas de “nós três’: da minha mãe, minha e desta mulher desconhecida. Essa dor é sentida por outras dezenas de centenas de milhares de mães que não têm um prato de comida para oferecer ao filho.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Que venha 2010!

Nos despedimos do “velho” e simplesmente nos deparamos com o “novo”. Deixamos de lado o que não deu certo e criamos novas expectativas. O ano de 2009 acabou. Que venha e se apresente 2010! Que se renovem as esperanças e que tenhamos sabedoria para tomar decisões e, principalmente, força para executá-las.




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... são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também despedida...