segunda-feira, 22 de agosto de 2022

É assim que acaba

 

Há um tempo na vida que costumo chamar “recolhimento”. O tempo de se recolher e se acolher, que vem depois que algo quebra dentro, fora ou ao redor de nós. Tempo precioso que deve ser aproveitado ao máximo. Entendimentos, sabedorias... quem dera os machucados curassem tão logo acontecessem. Ao mesmo tempo, que seria de nós sem sabermos que o tempo de cura e cicatrização é sempre muito superior que ao de ferir?! Isso nos ensina respeito a si e ao outro.

E então as feridas cicatrizam, recolhemos os pedaços espalhados e, muitas vezes, descobrimos que alguns já não nos pertencem, já nos cabem mais. Nossas inteirezas tomam outras formas e aspectos e estamos vibrantes de novo. Aí sim, pegamos um novo dia e estamos preparados para o novo. Não carrego dores, mágoas, pesos e deixo o passado exatamente onde ele deve ficar: no passado. Não levo comigo o que ficou, ao contrário, mantenho distância. Não emendo caminhos, porque sei que isso me faria começar com pesares e lembranças e comparações e tristezas e ressentimentos e lamentos e a pressa é inimiga da perfeição.

É assim que acaba uma história e é assim que começa outra, mas essa é uma outra história.