segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A beira do abismo

A beira do abismo ela pula... não sente a queda. Antes de tocar o chão não percebe que ao longo do caminho está se perdendo, aos poucos... perdendo a si própria, suas referências e os outros. Ignora os avisos de que ao tocar o chão não mais se reconhecerá. E na sua “inocência”, na crença de que está fazendo o certo, continua em queda livre... subvertida em seu mundo escuro, opaco. E tudo que ela mais queria era ver a luz!

E veio a parada repentina! Ela que tanto queria ver a luz, conheceu de perto a escuridão. E quando percebeu, já era tarde. Não se reconhecia, estava perdida em meio a dor, o desespero e a solidão. Não havia quem lhe conhecesse. E ela, ela conheceu uma dor nunca antes sentida. Estava morta, embora ainda respirasse. Então ela parou e olhou para si como nunca havia feito antes e não gostou do que viu.

Sua essência ainda era a mesma, mas estava envolta de coisas que não a faziam bem. Clamou, suplicou, implorou por ajuda, uma gota de amor que fosse, mas refúgio lhe faltou. Deitada, machucada e sem saber por onde começar a se reconstruir, continuou perdida. De tudo que tinha ou acreditava ter, nada sobrou... E tornou-se pedra a menina que um dia foi flor.