domingo, 24 de outubro de 2010

Caminho adverso

Caminho adverso,
confuso, sem seta, sem reta.
Caminho de caminho,
sem esperança, de dor, sem encanto.
Caminho que dói,
de lágrima, sem eira, sem beira.
Caminho de conflito
sem ida, sem volta, de reviravolta
Sem caminho... sem revolta.

ANDRADE, Audrey


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O caminho da vida pode ser comparado a um grande labirinto, com um emaranhado de caminhos que não leva a lugar algum e que só se chega ao fim ou ao meio, com a morte. Hoje ainda não desejo chegar ao ponto final porque tenho muito caminho a percorrer, ainda que eu não chegue a lugar algum. O que me prende ao labirinto é a responsabilidade de não deixar só quem precisa de mim para prosseguir. Talvez até seria melhor, mas não sei. Na dúvida, recue, como disse Sun Tzu, em “A Arte da Guerra”. Afinal, a suprema arte é derrotar sem lutar. Hoje eu não luto!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Jogue uma rosa pra mim

Jurema, jogue uma rosa pra mim
Jurema, tem pena de mim.
Caiu uma folha da Jurema
veio o sereno e molhou
e depois veio o sol
enxugou, enxugou
e a mata se abriu toda em flor.



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Em meio ao desespero e a dor te pedi para que me jogasse uma rosa. E você jogou. Uma rosa linda, perfumada, embebida de amor. A rosa me encheu o coração, trouxe paz à minha alma e forças para o meu corpo. E nem sei ao certo se te agradeci com palavras. Sei que cumpro a minha parte todos os dias, ainda que, às vezes, muito cansada. Mas hoje a sua lembrança me foi forte. Meu coração apertou. Senti medo. Medo de perder a minha rosa. Não quero perdê-la porque é ela que me mantém de pé. Mesmo quando tropeço, sei que não vou cair, porque tenha a tua, a minha rosa.

Ainda guardo o perfume de Alfazema que tantas vezes minha mão e meu corpo perfumou. E também sinto o aperto gostoso e aconchegante do teu abraço, que tantas vezes me consolou e tantas outras minha dor amenizou.

Não me tire a minha rosa. Me deixe cuidar dela com carinho e sempre me estenda a tua mão, me perfume com o seu Alfazema e me abrace, ainda que em silêncio.

À você, Jurema.

domingo, 3 de outubro de 2010

Sem compromisso

“Compromisso é aquele ponto de viragem na sua vida em que se apercebe de um momento e o converte numa oportunidade de alterar o seu destino”.

WAITLEY, Denis


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Hoje é assim que quero fazer e sentir: sem compromisso comigo ou com você. Quero apenas ser um ser descompromissado com aquilo que me prende na ideologia de vida e que me faz fugir, subverter o teu e o meu querer. Sem sentido, sem estrada, sem caminho, sem meio, sem modo, mas com vida. Não quero me prender ao meu ou ao teu querer. Só quero não ter compromisso e será que há algum mal nisso?! Hoje não quero nem semear a vida, simplesmente hoje eu não quero e não quero nada. Sem lamurio, sem responsabilidade, sem agouro, sem gesto, sem locução, sem nada...

Hoje não quero fazer concessão. Hoje quero ter apenas a mim, por o pé na estrada e sair por aí, buscar novas coisas nas antigas que quero muito preservar, porque afinal, a gente cresce e descobre novos caminhos, vai embora e tem a vontade de não se perder, mas é na sua essência que se encontra e para onde volta... quase me esqueci que é assim que funciona. Mas não vejo problemas com o erro e tampouco me importo em voltar atrás em alguma atitude ou decisão, até porque não tenho compromisso com o erro e/ou o acerto.