terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Da escalada...

Da escalada pretendida, mesmo recolhida, iniciou a subida. Ela ainda não se reconhece, está muito machucada, mas também decidida. Não quer sua vida largada na escuridão. Ela não tem muito sonho, fincou o pé no chão. Por dor ou por (de)amor, a tormenta acalmou em seu coração. E ela passou a fingir que era fortaleza e, de tanto mentir, quem sabe passa a acreditar. Era tudo de mentira, era tudo ruína, mas começou a se recuperar.
Para ela a subida tem o tom de despedida porque não pretende voltar ao abismo. Sabe, melhor que ninguém, o quanto é dolorido mergulhar na escuridão. E sem arrogância, mas com muita petulância ela enfrenta sua sina de seguir sozinha, mas com paz em seu coração. Ela não quer mais lutar, não tem mais motivos, se deu por vencia, sem chão. Mas tem a consciência limpa porque lutou com retidão e se foi esquecida é porque não tinha razão.
Era tudo vazio, era tudo de mentira, mas ela não sabia. Sua vida foi cortada, pelo fio de uma navalha chamada amor. E ela continua sua jornada, perdeu o que tinha, mas quem ganhou, de verdade, não levou!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Do interior...

Do interior do abismo, seu lugar preferido, ela reconheceu sua derrota e sua impassividade. Rasgou o peito com valentia a procura... do que um dia foi. Primeiro passo dado em busca da força que um dia a sustentou. Não havia saída senão esquecer o medo e enfrentar a luta. Determinada à cura, enfrentou sua loucura e perdeu o medo. Posta de pé, reencontrou sua fé e iniciou sua escalada escura.
Mansa e feroz, decida e capaz, ela iniciou sua jornada em busca da paz perdida. E longe se vai quando se sonha demais. Juntando seus cacos, curando as feridas... Ela é mais forte do que pensa e mais frágil que supunha. Mias ainda tem obstinação e amor no canto do coração para recomeçar sua vida. Apesar de perdida, ela conhece o ponto de partida.
Iniciou sua jornada de escalada ciente da longa subida, deixando para traz o que a levou à descida. Mas ela sabe que mesmo decidida, tem muito dela ainda para enfrentar. Ela ainda é pedra, mas não é mais tão maciça.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Da escuridão...

Da escuridão ela percebeu bem mais que a simples ausência de luz. Apesar do abismo ter se tornado seu abrigo, lugar conhecido, o medo não a abandonou. Feridas abertas, pedaços espalhados pelo chão... ela era a visão da dor. Perdida, machucada, sem rumo, sem direção, sem elo, sem ela. No vazio do seu abismo, chorou. Perdeu o orgulho, a vergonha e de novo clamou, suplicou, implorou, por uma ajuda, uma gota de amor que fosse, mas refúgio lhe faltou.
Em meio ao desespero se entregou, se abandonou para tentar se encontrar. Vagou pela escuridão vestida apenas por sentimentos e o desejo de se reconstruir. E a palavra era aceitar. Aceitar sem murmúrio, sem lamento, sua nova condição. Da flor à pedra a dor a transformou. E em sua insignificância ela tinha vaga lembrança do que um dia foi. ela acreditava na vida, tinha brilho no olhar... era era flor encantada, cheia de amor para dar.
E foi então que ela descobriu que seu abismo era mais que conhecido, era seu lugar preferido para se recuperar.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Do abismo...

Do abismo ela enxergou bem mais que a escuridão. Fechou seus olhos, se calou... E, no silêncio, despiu-se e mais uma vez clamou, suplicou, implorou por ajuda, uma gota de amor que fosse, mas refúgio lhe faltou. E ela percebeu que nada tinha de verdadeiro, nem mesmo ela porque um dia se entregou por inteiro. Conheceu, pela primeira vez, o medo. Ela chorou. Chorou sua dor, seu medo. Chorou porque se perdeu, porque não se encontrou...
De olhos fechados ela apurou seus outros sentidos... conseguiu ouvir a própria voz que tanto a alertou e ela ignorou. Na boca sentiu o gosto amargo da derrota de uma luta travada com ela mesma. Ela não sabia, mas era seu exército e também seu general. O odor não a agradou. Ela não era mais uma flor. Tateou seu interior e só percebeu o vazio. E, de novo, ela chorou.
O abismo era seu novo abrigo. Ela apenas aceitou porque já não havia mais forças para lutar. Se recolheu, buscou a calma e foi então que ela perceber que já havia habitado aquele lugar...