Os laços que ser formam em um Roncó são para toda vida.
Fiz minha iniciação no Candomblé com a Andreia – esposa de um dos meus
primos. Nos conhecemos há 30 anos (isso mesmo! Ela casou ainda adolescente e
eles estão juntos até hoje). Quisera Deus e os Voduns que ela se mudasse para a
casa em frente a minha. Por alguns motivos não nos falávamos. Até quem um dia
voltamos a nos falar e ela foi ao Barracão que frequento. Daí pra cá nossa
amizade se fortaleceu bastante. Uma ajuda a outra nas precisões da vida.
Decidimos que faríamos o possível para fazermos nossa iniciação juntas.
Eu de Azansú e ela de Oyá. E, assim, aos poucos, sem grandes pretensões, fomos
nos preparando... até que em janeiro de 2020, entramos juntas para a iniciação.
No dia 25 de janeiro formou-se o barco da Audrey e da Andreia. Começou naquele
dia a nossa irmandade. Não sabíamos ainda – fazíamos apenas ideia – o quanto
uma precisaria da outra e o quanto teríamos que nos apoiar.
Foram longos dias juntas. Na maior parte do tempo éramos eu e ela com
nós mesmas. Ora eu precisava do apoio dela, ora ela do meu. À vezes nos
falávamos e nos entendíamos só com o olhar. Foram longos dias de mistos
sentimentos e emoções. Só nós duas sabemos se rimos ou se choramos. O fato é
que compartilhamos absolutamente tudo e não foi fácil. E se conseguimos passar
por algumas coisas, agradecemos a Deus, aos Voduns e uma a outra.
Entramos como Audrey e Andreia e saímos como Dofona Azonsi e Dofonitinha
Oyasi. Construímos mais que amizade. Construímos uma irmandade que tem laço por
toda vida. E não foi apenas por estarmos no mesmo barco, mas por temos nos
unido, nos entendido, nos apoiado nas horas difíceis e por termos entendido que
a união e o amor tornam tudo mais fácil. E no Roncó não há como se esconder em
nenhum subterfúgio. Nós somos mais de nós mesmos e é necessário olhar
diferenciado para encontrar o amor quando estamos desnudos. Isso é para poucos.
Então, somos privilegiadas por nos amarmos na “nudez”.
E eu tenho a MELHOR Dofonitinha que uma Dofona pode ter. Ela é a Minha
Dofonitinha. Minha e Dofonitinha com letra maiúscula porque ela é assim: grande
em tudo que faz, além de “me pertencer”. Dofonitinha ela é só minha! (coisas de
filho único que amam e têm seus “istas”: individualista, egoísta,
exclusivista... e eu sou filha única). E a Minha Dofonitinha é mais que
especial por tantos motivos que fica difícil enumerá-los.
Palavrão pra ela é vírgula, tem modos de menino... ah, mas ela é
sensível, tem olhar diferenciado para o outro, ela cuida, tem um abraço
incrível, seu beijo cura, sua presença traz cor e alegria. Ela é um ser humano
incrível. Mal de mim se não tivesse tido a Minha Dofonitinha, exatamente do
jeitinho que ela é: um furacão! Um furacão maravilhoso!!!
Falamos, ouvimos, sentimos e vivemos juntas o que nunca será feito ou
compartilhado com qualquer outra pessoa. Saímos do Roncó com lindo laço. E à
Minha Dofonitinha, os meus mais profundos respeito, admiração, gratidão e amor.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sejam bem-vindos!!! O caminho é pequeno, mas o coração é grande.