Aceitar transformações e promover mudanças pode doer, mas é necessário
Minha irmã de santo nesta nova etapa se tornou Minha Dofonitinha (Minha
e Dofonitinha com letras maiúsculas porque tenho a MELHOR Dofonitinha que uma
Dofona pode ter). A partir do segundo sábado me tornei a Dofona do barco. Logo
eu. Mesmo sendo quem sou e como sou, quis Deus e os Voduns que fosse eu a
Dofona do barco. Não é o acaso ou escolha. É por conta do meu Vodun: Azansú –
um dos reis da minha nação. Deveria eu ser o exemplo a ser seguido pela Minha
Dofonitinha.
Eu não era exemplo para nada. Estava tudo tão fora do lugar ainda, tudo
tão bagunçado dentro de mim e, sem contar, que Minha Dofonitinha pula na frente
em tudo – é o jeito dela – e eu sou lerda para entender algumas coisas.
Precisava arrumar o interno aos poucos mas tive que começar a arrumar na
porrada mesmo. Se eu deveria ser o exemplo, tinha que fazer meu melhor. A cada
função, eu ia primeiro. Então, meu olhar na volta tinha que ser de confiança e
fé.
E assim foi. Limpava o que estava sujo e ia preenchendo o vazio com fé,
esperança e amor. Não faltaram lágrimas de um misto de sentimentos – confesso,
mas também de uma emoção indescritível. E eu pisei pela primeira vez no Roncó.
Não houve um único dia que eu tenha adormecido sem fazer minhas preces para
meus filhos, meu amor, meus pais, familiares, amigos... (faço isso
diariamente). Mas no Roncó eu aprendi a rezar como Vodunsi. Que reza linda!
Ouvir meu Mehuntó rezar é lindo demais e emocionante. Ele nos ensinou a rezar
com o coração.
Nesta etapa não tem como esquecer o meu Vodun. Essa emoção ficará
marcada na minha alma... os banhos frios na madruada, o benguê quente... a reza
e o encontro com o Sagrado. E a casa interna se preparando aos poucos, mas de
forma intensa pelo que ainda tem pela frente, que até então era novo,
desconhecido, mas esperado com muita esperança e amor. Nascia uma Vondunsi. Na
verdade duas: Dofona Azonsi e Dofonitinha Oyasi. Uma combinação linda e
perfeita de dois Voduns que caminham juntos na melhora e no aperfeiçoamento do
ser humano. Ele é do início e do fim, e ela é do meio.
E durante este período único a casa interna estava em arrumação. A minha
casa! O meu eu! Deixei do lado de fora o mundo e comecei a me enxergar melhor.
Não havia espelhos e não haverá por um longo período – e descobri que há muito
não me olhava neste objeto e soube o motivo: não gostava mais do que via. Nunca
me vi tão bem e tão de perto sem o espelho. Me vi por dentro...
Continua...
Conseguir ver-se por dente é importante...Lindo! bjs, chica
ResponderExcluirTão importante quanto difícil,Chica. Trajetos difíceis a serem percorridos, estrada sinuosas...
ResponderExcluirBeijocas!