segunda-feira, 25 de julho de 2022

Ah, o Tempo...

A unidade de medida mais valiosa que temos chama-se TEMPO. Por tão valioso, ele sempre nos passa a impressão de que nos falta, que é curto, pequeno... Não! O Tempo é o Tempo. Tempo... apenas. E não leva em consideração se você o valoriza ou não. E cada um tem seu próprio tempo – ou acha que tem – e o Tempo tem todos os tempos. Mas se a vida rasgar a aproximação Tempo X Espaço, o Tempo se encarrega de tirar a cor, o brilho e o perfume  do que um dia foi colorido, lustroso, cheiroso e torna translúcido, invisível, inodoro... até que some. E, então, alguns podem continuar no caminho – fazem parte dele e a escolha foi feita antes do Tempo presente –, mas não se sentarão mais a nossa mesa.

E o Tempo tem os seus segredos e nós também. Em cada um de nós há um segredo, na verdade, vários dos quais muitos não ousamos sequer admitir para nós mesmos. Ou então uma paisagem interior com planícies invioláveis, morros intransponíveis, corredeiras assombrosas, caminhos tortuosos, mas que formam os nossos paraísos secretos... E nos pegamos em algum Tempo nos questionando “e se”. Ah, o Tempo... como nos faz sentir traído e traidor de uma mesma questão. Avança, avança, avança... e nos faz voltar em pensamento naquilo que achávamos que já havia sido posto, mas na verdade ainda é aposto.

O Tempo pode ser uma semente que cresce no mais profundo silêncio da alma, sem fazer um único ruído. E, quando percebemos, ele se torna uma árvore frondosa, cheia de raízes e com muita sombra e pensamos que podemos nos alimentar dos seus frutos... E então vêm as tempestades da vida, nossas inconformações, nossos ”e se”, nossas construções com alicerces mal feitos, terrenos arenosos, nossa pressa em mostrar uma capacidade que nunca existiu, um avanço preso ao passado... e esta árvore cai, fazendo um barulho imenso, ensurdecedor. A destruição é barulhenta, mas todo o resto é silencioso. 

Este é um dos poderes do Tempo: o silêncio. Mas quando percebemos que ele passou, o barulho ensurdece a alma. E ensurdecer a alma é um dos poderes do silêncio... É, a gente corre o sério risco de chorar um pouco quando se deixa cativar. O Tempo traz uma procura... ora do outro, que mora na gente, ora da gente, que ainda mora no outro.

2 comentários:

  1. Que linda reflexão sobre o tempo que parece cada vez mais e mais ter pressa em passar!
    beijos, tudo de bom,chica

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    1. Verdade, Chica, mas ele é um senhor muito bem-vindo. Enquanto Tempo houver, Vida haverá.

      Beijocas, querida.

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Sejam bem-vindos!!! O caminho é pequeno, mas o coração é grande.