terça-feira, 26 de outubro de 2021

"Morre menos quem morre longe"

Na sexta-feira vesti branco, não em sinal de Paz ou porque é dia de Osalá. Vesti branco por luto, por tua partida e para te desejar Paz. Sim. Meu luto é branco. No Candomblé o luto é branco. Ele tem dor e também tem “escuridão”, mas vestimos branco. E então visto branco para desejar a clareza, a paz, o equilíbrio que necessitarás para aceitar a partida, sabendo que o amor maior ficou e ficou ainda indefeso.

Pablo Neruda escreveu que “morre menos quem morre longe”. E assim o é. Só existe uma partida de fato quando há uma despedida. Não me despedi de você e não vou me despedir. Eu não te vi. Ficarão as lembranças. Quem passa por nossa vida deixa muito de si e leva muito de nós. Então, está decidido: você fica! Você sempre ficou.

Fomos amigas, cúmplices, tivemos momentos sensacionais e inesquecíveis e eu até tentei manter... Eu te amei e você me amou. Ah, mas você me fez raiva também, me decepcionou, me entristeceu, assim como devo ter feito com você também. A questão é que tuas qualidades sempre superaram os defeitos e eu encontrava meios de entender esta ou aquela atitude. Soube – através de você – de tanta coisa, de tanto segredo... que comigo estarão guardados.

Liberta do véu verás o quanto era e es importante e amada... Você morreu longe, então morreu menos pra mim.

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