domingo, 11 de outubro de 2020

A superficialidade, o raso

Viver requer compromisso, mas, acima de tudo, comprometimento. Aí o bicho pega! Se comprometer de verdade pode ser mais difícil e exigir mais esforço que se pode supor. Por isso há quem inicie ciclos em cima de ciclos, numa pressa desenfreada em viver algo desesperadamente não por sede de vida, mas por carência, por medo de ficar só. E então só consegue viver a superficialidade dos inícios, o raso das relações como se fosse a coisa mais maravilhosa do mundo e acabam por se frustrar.

Tudo é tão bonito, tão mágico, tão fofo, tão tão... porque reque tudo, menos comprometimento. Trata-se do oba oba, apenas dos bons momentos a dois, da superficialidade dos encontros que em nada demonstram o que de fato é a vida real. São apenas sonhos e ilusões. Tão raso! Nada existe de profundo, de real... se quer conhece de fato com quem está. É o abstrato do que se quer e não se é capaz. A falsa felicidade, porque para fora tudo parece tão lindo, tão perfeito... para dentro o vazio, a tristeza de querer tornar real a própria mentira inventada – que por um tempo até acredita nela – e a consciência de que ainda não é isso, por mais esforço que se faça. Até porque felicidade não precisa de publicidade, porque esta só vende ilusão.

Como a vida real requer comprometimento, é necessário viver o dia a dia. É claro que existem os momentos mais sublimes em todas as relações, sejam elas profundas ou rasas. Mas para se tornar palpável, real, verdadeiro, é necessário entender e aceitar que há um entorno que fará parte da relação, haverá adversidades, enfermidades, dias bons e ruins, família, passado, dias de sol e chuva, convivência diária com qualidades, mas também com defeitos em tempo integral... sem subterfúgios, sejam eles quais forem. Se para ser bom precisa fugir da realidade ou criar realidades paralelas... opa! Sinal de alerta.

Tornar sonhos em realidade não é tão difícil. O difícil mesmo é pegar esta realidade e se comprometer verdadeiramente, sem fuga. De superficialidades e do raso é fácil sobreviver, mas é necessário ter a consciência que isso não é real. Porque a vida mesmo precisa ser real e, para ser real, ela requer amor e comprometimento, aceitar e unir ambas as realidades e transformá-las em uma única realidade a ser compartilhada a dois, três, quatro, cinco... e não cada um a sua e a nossa em separado... Isso é qualquer coisa, menos amor. Sem dúvida alguma há beleza nas águas superficiais, nos rasos... mas elas só molham os pés. A vida exige mergulhos.

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