Viver requer
compromisso, mas, acima de tudo, comprometimento. Aí o bicho pega! Se
comprometer de verdade pode ser mais difícil e exigir mais esforço que se pode
supor. Por isso há quem inicie ciclos em cima de ciclos, numa pressa desenfreada
em viver algo desesperadamente não por sede de vida, mas por carência, por medo de
ficar só. E então só consegue viver a superficialidade dos inícios, o raso das
relações como se fosse a coisa mais maravilhosa do mundo e acabam por se
frustrar.
Tudo é tão bonito, tão
mágico, tão fofo, tão tão... porque reque tudo, menos comprometimento. Trata-se
do oba oba, apenas dos bons momentos a dois, da superficialidade dos encontros
que em nada demonstram o que de fato é a vida real. São apenas sonhos e
ilusões. Tão raso! Nada existe de profundo, de real... se quer conhece de fato
com quem está. É o abstrato do que se quer e não se é capaz. A falsa
felicidade, porque para fora tudo parece tão lindo, tão perfeito... para dentro
o vazio, a tristeza de querer tornar real a própria mentira inventada – que por
um tempo até acredita nela – e a consciência de que ainda não é isso, por mais
esforço que se faça. Até porque felicidade não precisa de publicidade, porque
esta só vende ilusão.
Como a vida real requer
comprometimento, é necessário viver o dia a dia. É claro que existem os
momentos mais sublimes em todas as relações, sejam elas profundas ou rasas. Mas
para se tornar palpável, real, verdadeiro, é necessário entender e aceitar que
há um entorno que fará parte da relação, haverá adversidades, enfermidades, dias
bons e ruins, família, passado, dias de sol e chuva, convivência diária com
qualidades, mas também com defeitos em tempo integral... sem subterfúgios,
sejam eles quais forem. Se para ser bom precisa fugir da realidade ou criar
realidades paralelas... opa! Sinal de alerta.
Tornar sonhos em
realidade não é tão difícil. O difícil mesmo é pegar esta realidade e se
comprometer verdadeiramente, sem fuga. De superficialidades e do raso é fácil
sobreviver, mas é necessário ter a consciência que isso não é real. Porque a
vida mesmo precisa ser real e, para ser real, ela requer amor e comprometimento,
aceitar e unir ambas as realidades e transformá-las em uma única realidade a
ser compartilhada a dois, três, quatro, cinco... e não cada um a sua e a nossa
em separado... Isso é qualquer coisa, menos amor. Sem dúvida alguma há beleza
nas águas superficiais, nos rasos... mas elas só molham os pés. A vida exige
mergulhos.
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