sexta-feira, 20 de março de 2020

Outono


Há certa poesia e encantamento nas estações e as aprecio da minha varanda. Em cada época, visíveis transformações... e, em cada transformação, desafios, alegrias, tristezas, medos, necessidades... e, em cada escolha, uma renúncia. Tão belas quanto poéticas quanto difíceis. Carrego meus sonhos, visto meus trapos, ando descalça, sigo a vida. Toco do meu jeito. Nem sempre o jeito certo, mas do jeito que consigo ou me permito ou me é permitido. Sigo a vida da forma que posso e ajo com o que tenho. Não existe facilidade, existe esforço e dedicação.

Ah, mas também existe dor em grande parte das transformações que a vida nos impõe. Nova estação inicia. Dona das mais belas tardes e as mais belas paisagens que deveriam ser vistas a dois. Não por acaso, minha estação preferida, das tardes alaranjadas e rosadas e de noites belíssimas... Traz certa nostalgia que remete a passados gloriosos que não condizem com a atual realidade. A dor da transformação forçada toma a alma dilacerada de tal forma que se torna físico e até respirar dói. Não existe remédio capaz de curar.

E da minha varanda vejo o tempo seguir sem sequer me reparar. Estou perdendo vida, morrendo aos poucos na dor que um dia se chamou AMOR.

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