“Há tanto de mim em mim. Há tanto dos que foram e dos que não foram. Há um devagar dos dias e um depressa dos anos me explicando sem explicar que mando nada no que penso. E, então, me afundo no fundo de mim e expando a atenção para compreender por que penso o que não teria precisão de pensar. Isso, quando me aborreço com distrações.
Sou do silêncio...”,
Gabriel Chalita
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Este trecho de um artigo do professor e filósofo Gabriel Chalita me trouxe reflexões pertinentes. Guardamos tanto de nós mesmo e dos outros... não há como “cruzar” com alguém na vida e não aprender algo – ainda que seja exatamente aquilo que não queremos ser jamais. Não importa o tempo de estada. Sempre há quê aprender. E à minha mente vem a questão do aprendizado, onde somos pequenos diante do quanto precisamos aprender e o quanto somos imaturos diante de questões tolas.
De fato, os dias passam
vagarosos e, quando nos damos conta, já se passou um ano e, não mandei em nada
do que pensei. Mergulhei fundo no meu interior em busca de respostas para
minhas próprias perguntas. E quantas destas perguntas não tinham nexo. Busquei
entendimento onde não havia ou não precisava, bastava aceitar o fluxo da vida
sem resistir. Me afundei no fundo de mim, na minha mais completa escuridão,
para compreender o que não necessita compreensão.
E no fundo de mim mesma o
ar é bem mais puro e de lá posso contemplar os dias passados e presentes e,
então, percebo com mais clareza, não mais com os olhos do amor e da compaixão,
mas com os olhos da realidade. O quão nos é revelador quando da retirada do véu
que nos cobria os olhos. Me expando. Me espanto. Me alegro. Agradeço. E faço
questão de manter em mim tanto de “quens” já passou. Não por admiração. Não
mais. Mas para me lembrar daquilo que jamais quero ser.
E, então, me distraio com
as belezas que encontro e gosto do tanto de mim que há em mim. Que venha
setembro! Meu mês! Mês de flor! Mês de amor! Mês de verso e prosa! Mês que me
deixa toda prosa! E me encho de inteirezas! Do tanto de mim que há em mim!