segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sou o meu chão

Me perco no tempo
Não me reconheço
Sou uma folha mal escrita.
Meus olhos andam cegos
Não vejo a luz
Não encontro o caminho.
Sou dia e noite
Sou desesperança
Sou abandono.
Um caco
Me visto do cansaço
Me dispo de mim.
Labirinto forçado
Na mata escura
De terra úmida.
Não me ergue a mão
Não me tira da escuridão
Sou o meu chão.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

La gitanilla

Maravillosamente danzaba
sus pelos negros brillaban y
su sonrisa encantaba.

Su falda brillante y única
en las manos rosas rojas y
también mi destino.

Entrego a ti mi camino
porque es tuya mi estrada
y me llevas dónde es seguro.

Hermosa gitanilla
toma mi mano y
ayúdame para que camine segura.

Juega sus cartas
haga sus profecías
porque yo confío en la gitanilla.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que o homem que eu amo seja pra sempre amado
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso
Mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Metade, Osvaldo Montenegro

*******
Nossas metades, loucuras, ingenuidades, alegrias... se confundem e nos completam... é vida que segue!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Voltando...

Um dos meus prazeres me foi tirado temporariamente. Uma tal de “Tenossinovite de Quervain*” – nunca tinha ouvido falar nisso – me tirou de circuito. Coisas simples como abrir o sutiã ou acertar a alça, torcer um pano, pegar uma xícara... estavam se tornando árduas tarefas. Uma dor constante no meu pulso direito estava me tirando o prazer de escrever e o humor junto.
Fui ao médico e o diagnóstico foi “Tenossinovite de Quervain”. O caso estava feio e não houve jeito. Tive que operar. A operação era a única forma de melhorar aquela dor impertinente e diminuir minhas impossibilidades. Então, lá fui eu!
Vários exames (sangue, urina, eletro, raios-x, etc.). Consulta com ortopedista, com cardiologista, risco cirúrgico pronto, operação marcada! Aff... praticamente uma eternidade até que tudo estivesse pronto.
Dia da operação! O meu coração parecia que ia sair pela boca. O Dr. Marcel (especialista de mão) me tranquilizou e falou que era uma cirurgia simples e rápida. Quando comecei a me acalmar fiquei sabendo que seria sedada. Se era rápida e simples a operação, por que a sedação?! Entrei em pânico de novo, mas já não tinha mais jeito.
Sim, eu sou frouxa! Avessas à operação! E o medo de perder os movimentos da mão e não poder sequer assinar meu nome me deixaram louca!
Até iniciar a famigerada sedação foram cerca de 30 minutos de prepara e mais 1h30 de espera para sair da sala de pós-anestésico. Tempo da operação?! Míseros 15 minutos (rsrsrs)
A primeira noite foi horrenda! Uma dor enorme na mão. Vira para um lado, vira para o outro e nada de dormir. Quando enfim o sono venceu, já era dia! Uns sete dias com a mão inchada, mas movimentando bem. Já se vai quase um mês e estou voltando à ativa.
O local da cirurgia ainda dói, mas aos poucos estou retomando minha rotina.

*Tenossinovite de Quervain – é a constrição dolorosa da bainha comum dos tendões dos músculos abdutor longo e extensor curto do polegar, no chamado primeiro compartimento dorsal. O processo inflamatório da bainha causa d diminuição do seu espaço, comprimindo os tendões. O quadro clínico apresenta dor de caráter insidioso podendo apresentar-se agudamente, na região dorsal do polegar e no processo estiloide do rádio, com a cronicidade do quadro, o paciente refere dificuldade para segurar objetos (como uma xícara) que exigem a posição “em garra” do polegar. Queixas de dor ocorrem ao torcer a roupa, abrir a porta com chave, abrir tampa de lata etc. Os sintomas são dor, enrijecimento e inchaço no lado do polegar do pulso.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Na contramão


Meu coração anda apertado. Os dias estão passando rápido e está chegando o dia da sua partida. Desejamos e sonhamos juntos, mas a realização veio na contramão. Meu passarinho vai deixar o ninho. Não é seu primeiro voo, mas é o mais longo.

O ninho vai ficar vazio, as noites mais longas e os dias uma eternidade. Mas você precisa voar, meu passarinho, alçar voos maiores, se realizar...

terça-feira, 21 de maio de 2013

Fases de meninos


Tem hora que nem acredito que sou mãe de dois adolescentes. Às vezes parece que não vou sobreviver a isso (rsrsrs). É um desafio grande! Mas também gratificante demais! Mas o João Pedro tira qualquer sacristão do sério! Aff...
As fases são sempre muito engraçadas! Meninos (acho que meninas também) passam pela fase que não gostam de banho e você tem que chamar pelo menos umas mil vezes e ouvir a célebre resposta: “_ Já vou mãe!”, ou “_Peraí, mãe!”; lavar o pé nem pensar – uma vez que eles consideram que não faz parte do corpo, sem contar que vai pisar no chão de novo; sem contar os banhos demorados, que o cabelo sai sequinho, sequinho e o banheiro todo molhado (sinceramente, não sei como isso é possível, mas na minha casa já foi uma constante).
Hoje a fase é do banho loooongo... E quando sai, sai tão cheiroso que “parece penteadeira de p. em dia de função”, como dizia um velho conhecido. Agora a minha fala é outra: “_Anda, João Pedro! É banho de noivo?!”. Dias desses, depois de mais de 20 minutos de banho, o nosso diálogo – aos gritos, é claro, afinal, haja paciência – foi finalizado com altas gargalhadas:
_ João Pedro, acaba logo com esse banho! Você já está há quase 20 minutos no banho!
_ Calma, mãe! Se eu tomo banho rápido, você reclama. Se eu tomo banho demorado, você reclama! Que saco!
Passaram-se mais dez minutos... tinha até esquecido que o João Pedro estava no banho.
_ JOÃO PEDRO, você ainda está tomando banho?!
E ele vem com a resposta:
_ Não, mãe! Estou me regando pra ver se cresço!
A gargalhada foi geral! Imagina se ele usa a criatividade para o bem! (rsrs)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Não tenho mais medo


A estranha, mas conhecida sensação, me invade
O tom é cinza e o pensamento não é coordenado
Tudo ao meu redor rodopia, gira lentamente
Não tenho mais medo
Fecho os olhos e tento me concentrar
A roda gigante não para e está em câmera lenta
O coração bate devagar e compassado
Não tenho mais medo
Aos poucos me equilibro e o raciocínio volta
Tomo ciência do que acontece
As vozes estão distantes, mas mais altas
Não tenho mais medo
Enfim o equilíbrio, a razão, a esperança
Retomo a consciência, percebo, entrevejo
O não tão desconhecido me invadiu
Não tenho mais medo

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Da varanda da minha casa


Da varanda da minha casa posso contemplar o céu
E seus adornos
Sua imensidão me deixa perplexa
Me sinto tão pequenina diante do que aprecio
Tão sereno, tão azul, tão singelo
Ora as andorinhas passeiam sem plano de voo
E disputam espaço com os bem-te-vis
Ora dois casais de gavião assustam as “miudinhas”
Que em total silêncio se escondem nas minhas samambaias
O silêncio só é quebrado pelo guinchar dos gaviões
Em busca de comida ou para impor respeito
Eles voam soberanos e serenos sobre o céu azul
Quando repousam em seus ninhos
É hora da bagunça recomeçar...
E eu continuo na minha varanda!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Que venha, seja, esteja...


Que venha luz
e que venha o brilho
como eu supus.

Que seja radiante
e que seja feliz
como uma consonante.

Que esteja pronta
e que esteja apta
como seta que aponta.

Mas que venha,
que seja,
que esteja
sempre iluminada!