domingo, 29 de março de 2020

Um homem também chora...


Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas

Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura

Guerreiros são pessoas
São fortes, são frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito

Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sono
Que os torne refeitos

É triste ver “meu” homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros

EU VEJO que ele berra
EU VEJO que ele sangra
A dor que traz no peito
Pois ama... e ama

O homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho

E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata

Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz

As dores da alma, em sua maioria, nascem da covardia e do medo...e olha que precisava tão pouco, tão pouquinho. Era só um “vem”. Que dó ver tanta dor num olhar e enxergar a mesma dor no próprio reflexo. As alegrias são tristes e o medo de ficar só é traiçoeiro. Mas “alguém” decretou que nem as dores podem se encarar frente a frente. O medo é encontrar o amor novamente.
... até sempre... para sempre! Porque o amor não é um hábito. Ele habita.

sexta-feira, 27 de março de 2020

Saudade de amar você


“Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade...”

São muitas as batalhas e desafios a serem vencidos. Mais internos que externos. E uma única certeza: temos o que há de melhor no outro e isso incluiu a melhor saudade e a mais doída. Nossa! Como eu amo você! Saudade do teu corpo, do teu olhar, do teu sorriso, do teu abraço, da tua boca, do teu amor...

Que tenhamos misericórdia do amor e não o matemos, porque não sobrará mais nada.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Outono


Há certa poesia e encantamento nas estações e as aprecio da minha varanda. Em cada época, visíveis transformações... e, em cada transformação, desafios, alegrias, tristezas, medos, necessidades... e, em cada escolha, uma renúncia. Tão belas quanto poéticas quanto difíceis. Carrego meus sonhos, visto meus trapos, ando descalça, sigo a vida. Toco do meu jeito. Nem sempre o jeito certo, mas do jeito que consigo ou me permito ou me é permitido. Sigo a vida da forma que posso e ajo com o que tenho. Não existe facilidade, existe esforço e dedicação.

Ah, mas também existe dor em grande parte das transformações que a vida nos impõe. Nova estação inicia. Dona das mais belas tardes e as mais belas paisagens que deveriam ser vistas a dois. Não por acaso, minha estação preferida, das tardes alaranjadas e rosadas e de noites belíssimas... Traz certa nostalgia que remete a passados gloriosos que não condizem com a atual realidade. A dor da transformação forçada toma a alma dilacerada de tal forma que se torna físico e até respirar dói. Não existe remédio capaz de curar.

E da minha varanda vejo o tempo seguir sem sequer me reparar. Estou perdendo vida, morrendo aos poucos na dor que um dia se chamou AMOR.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Uma hora a gente cansa


Uma hora a gente cansa de lutar e é digno reconhecer a derrota. Não precisa nem recolher o que sobrou. Basta se retirar consciente que a guerra foi perdida e o vitorioso precisa tomar posse de sua vitória, comemorar e viver a glória. Cabe ao derrotado aplaudir o vencedor. E hoje eu bato palmas. E são palmas sinceras e de reconhecimento.

Saio bastante machucada da luta (minha última luta), por isso minha demora na partida, mas estou me ausentando. Já dei alguns passos e outros serão dados – cada um a seu tempo. E vou da forma mais leve que me for capaz. “Seja extremamente sutil, tão sutil que ninguém possa achar qualquer rastro”. E assim será.

Não haverá problema. Não haverá local. Não haverá nada. Não haverá pura e simplesmente. Parto enquanto ainda há tempo de não permitir que minha dor e minhas feridas sejam vistas. Quero deixar a impressão de que sempre fui forte e sempre dei um jeito pra tudo. Foi isso que por um longo tempo me manteve no fronte de batalha. Eu eu repeito a luta perdida.


Eu vou... sutilmente eu vou.

terça-feira, 17 de março de 2020

A onça não é mais feroz

A onça não é um animal doméstico. Ela é selvagem e só sabe viver assim. Ela é arisca e aprendeu a viver sozinha. Não que a solidão faça bem, mas faz menos mal que a dor da partida. Ah, disso ela entende bem.

É um felino e, como característica, não vive em bando. Com sua natureza aparentemente bruta, agressiva e feroz conseguiu por longo tempo se proteger...  Mas a vida sempre traz novos desafios e, por descuido, ela se entregou de corpo, alma e coração... se deixou levar, mesmo sabendo que não nasceu para amar... e animais selvagens não são amados.

Olhar perdido... dor na alma... vulnerabilidade... se encontrar uma onça, não a domestique. Se o fizer, não a abandone. Ela não sobreviverá. E a onça não é mais feroz. Ela foi abatida.