quarta-feira, 28 de junho de 2023

Com tanto e tanto

O Outono – minha estação preferida – trouxe tanta coisa boa, tanta beleza, algumas realizações (ufa!), novas flores, novas cores, novos tons, novas nuances... Mas como a vida é uma “estação”, um ciclo que flui... é chegado o Inverno trazendo novas perspectivas com Sol, Lua em novos signos, novos santos e trazendo sinais. Os céus encantando a cada novo dia com sua beleza extraordinária, reafirmando novas oportunidades ainda melhores e que existe todo um capricho sendo preparado.

A estação mudou, a vida mudou, o olhar mudou... e que bom! O Tempo de espera que traz esta nova estação pode ser aproveitado com mais amor, com mais alegria, com mais propriedade, com tanto e tanto. É o bailado da Natureza nos mostrando as belezas dos ciclos. “No Inverno te proteger” nunca fez tanto sentido e sentir. E “logo posso esperar que um dia vou ver a fera ronronar com doçura”! E segue a vida em sua plenitude se importando por tanto sentir.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Por inteiro

Pertencer é verbo intransitivo direto. Significa “fazer parte de ; ser parte do domínio de”... e a real
significância da forma perfeita te distancia do que é em parte, porque se quer o inteiro. E então, a esfera nos mostra que o inteiro é solitário e a forma perfeita cai por terra. A união dos inteiros são ouros inteiros não compartilhados. Nestes casos, o que salva é a intercessão. E então, voltamos à
parte. Não quero pertencer.

Relacionar é verbo bitransitivo direto, pronominal. Significa “estabelecer relação ou analogia entre coisas diferentes; fazer relação de”... e a real significância da forma perfeita te aproxima do que é inteirar-se em si, em outro. E o triângulo vem nos mostrar o inteiro que se encaixa sem invasão. A união dos inteiros formam outras figuras, mesmo que não perfeitos. Novas formas unindo equiláteros, escalenos, isósceles... E outros verbos vêm brindar a união de um todo que não excluiu.

Compreender é verbo transitivo direto e indireto. Significa entendimento, perceber, atinar, conter em si, em sua natureza abranger(se)... E então, que tenhamos os substantivos de cada ação, onde se tenha compreensão para distinguir o pertencimento e a relação... para que cada inteiro se encaixe por inteiro, sem forçar, sem se agredir, sem se ausentar... sentir.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Da varanda

 Da varanda da minha casa, tanta coisa já passou no meu interior, ao meu redor. Já foram tantas as imagens, sensações, suspiros, festejos, alegrias, sorrisos, choros... um tanto de tantos sentimentos, emoções, sensações.


Do turbilhão à serenidade, da despedida ao reencontro, da tristeza à alegria, da dor à cura, do mal ao bem, das lágrimas ao riso farto... E a cada ano – já se vão 12 – foram muitas as transformações, os desenvolvimentos, as conclusões, os fins, os novos inícios...

Dos que passaram por minha vida e habitaram minha varanda – ainda que por alguns minutos – muitos permanecem e outros já não estão entre nós. O efêmero sopro de vida que já não venta mais neste plano ou foi ventar em outros ares.

Da vida que ornamenta a varanda mais linda que conheço, só gratidão. Já teve de ninho de passarinho a beijo. Bichos, plantas e pessoas que a cada muda, cada florada, cada conquista deixa ela ainda mais charmosa.

Das ambiguidades que vi, que vivi, que senti ao longo destes 12 anos, costumo compará-las às fases da Lua. Ora crescente, ora cheia, ora minguante, ora nova... numa constante lembrança que se existem certezas, mudança é uma delas.

Do Tempo que suspirei por amor, por dor, a minha varanda me ensinou dia após dia que ciclos vêm para nos ensinar a viver e a viver melhor, com mais amor, com mais simplicidade, menos impulso e menos intensidade.

Hoje me pego novamente aqui contemplando a beleza de uma noite de preces com pedidos, mas principalmente, de gratidão. Olhai por nós, meu Pai! Atòtò. Salve o Tempo.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

O mesmo jogo, novas peças


A vida pode ser comparada a um jogo de quebra-cabeças – uns com muitas peças, outros nem tanto. Nossas primeiras peças e encaixe são a nossa família primária. Nem sempre o encaixe é perfeito, ainda que sejam feitos do mesmo material. Uma peça ou outra se quebra ou não se encaixa mais ou fazem outras jogadas.

Não se vislumbra o desenho que se forma, tampouco a duração do jogo. Ele se molda com o Tempo e com a chegada e partida de algumas peças. Também não é sabida a quantidade de peças que farão ou deixarão de fazer parte do mosaico. E assim vai se formando, desenvolvendo, significando e resinificando o quebra-cabeças, a vida... num mesmo jogo, novas peças.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

... num mundo de (im)possibilidades

 Fecho meus olhos e então estou em um barco, no meio do oceano. Não estou no meio do nada. Ao contrário, estou no meio da imensidão. Não há remo, não há vela, não há motor, não há força propulsora alguma... Somos apenas eu e a pequena embarcação. Não há tempestade, tudo é calmaria. O mar está uma mescla de azul que não decifro, e o céu está num tom exuberante de azul indescritível e não há nuvens no céu. E um dia de Sol e nem todo azul tira da ambiência o amarelo dos raios solares...


O mar está parado, o tempo está parado, eu estou parada... não há uma conexão Tempo/Espaço, não há caminho, não há direção, não há. Existe um vazio enorme, tão grande quanto a imensidão à minha volta. E o silêncio envolve meus sentidos com o vácuo, mas com ar para respirar na calmaria. Não há dor, não há medo, não há sofrimento, não há desespero... mas, também não existe amor, não existe alegria, não existe movimento, não existe vida... de alguma forma tenho paz.

Eu que sou uma alma da Terra, estou envolta em Água, que não me molha, não me lava, não me trata, não me move... Sou um corpo sem alma num mundo de (im)possiblidades.

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Florescer

Tempo de limpeza. As travessias da vida estão duras por aqui e os infinitos particulares engolindo. Tempo de renovação. Retirar do caminho aquilo que já não serve mais ou já teve sua finitude. Tempo de plantio. Arar a Terra, adubar, escolher as sementes, plantar e, o novo surgirá. Talvez não tão forte, mas viçoso o suficiente para resistir, crescer e florescer. Tempo da espera. Respeitar o Tempo.

Em todas as estações, em todos os ciclos há muito trabalho a fazer. É Primavera. É necessária rega, suportar as pragas, o Sol forte, a chuva intensa, a dureza do outro e a própria fraqueza. Florir não é tão simples ou tão fácil. Há muito que vencer. É mais que esperar do outro. É imprescindível fazer a própria parte. Florir não é para os fracos.


A beleza, o perfume, o brilho, as cores chegaram. É Primavera. É Tempo de Amor, de amar, de florescer, de vencer as adversidades, continuar florescendo em si, no outro. “Em nossas vidas teremos pessoas que regarão nosso viver, assim como algumas que nos arrancarão sem pena do solo seguro, mas em ambos momentos, há de se retirar aprendizados e há de se brotar novamente”.

Aos que regaram e regam meu viver, minha mais profunda gratidão. A quem me arrancou sem pena do solo seguro, minha mais profunda gratidão. Em ambas brotei e reafirmei ainda mais: ao pisar em solo sagrado (alma/coração), devemos pisar com respeito, com amor... Vamos primaverar! Vamos florir!


segunda-feira, 22 de agosto de 2022

É assim que acaba

 

Há um tempo na vida que costumo chamar “recolhimento”. O tempo de se recolher e se acolher, que vem depois que algo quebra dentro, fora ou ao redor de nós. Tempo precioso que deve ser aproveitado ao máximo. Entendimentos, sabedorias... quem dera os machucados curassem tão logo acontecessem. Ao mesmo tempo, que seria de nós sem sabermos que o tempo de cura e cicatrização é sempre muito superior que ao de ferir?! Isso nos ensina respeito a si e ao outro.

E então as feridas cicatrizam, recolhemos os pedaços espalhados e, muitas vezes, descobrimos que alguns já não nos pertencem, já nos cabem mais. Nossas inteirezas tomam outras formas e aspectos e estamos vibrantes de novo. Aí sim, pegamos um novo dia e estamos preparados para o novo. Não carrego dores, mágoas, pesos e deixo o passado exatamente onde ele deve ficar: no passado. Não levo comigo o que ficou, ao contrário, mantenho distância. Não emendo caminhos, porque sei que isso me faria começar com pesares e lembranças e comparações e tristezas e ressentimentos e lamentos e a pressa é inimiga da perfeição.

É assim que acaba uma história e é assim que começa outra, mas essa é uma outra história.